Ópera Nuda parte de uma
exploração recente da artista no uso da produção de sonoridades e linguagens
possíveis, onde ação e sonoridade acontecem em tempo real. Daí que a
confluência de linguagens como o teatro, a dança, música e performance nesse
trabalho podem ser pensadas não só como um tensionamento de possibilidades do
corpo da artista como de metáforas como violência, sexualidade, futilidade e
esgotamento de possibilidades que aparecem para pensar a precariedade do corpo,
bem como, explode a definição da linguagem artística em suas gavetas de
especificidade, assim, essa proposta transborda a noção de forma e propõe
"personagens mínimos em série" que constrange e/ou tensiona nossos
valores de civilidade.
Essa
criação é também uma parceria com Washington Drummond. O trabalho ainda em processo de criação
é uma performance adaptável a diversos ambientes, desde palcos fixos a festas
e/ou galerias. Nele, explora-se o uso da emissão vocal com um microfone, a fim
de produzir uma língua "inventada", disforme e pouco compreensível,
entoada por vezes como ópera, produzindo uma corporalidade que
transita entre submissão/subversão “tudo superfície trágica” de um diálogo
fictício com a famosa "boca de Beckett" (peça de Samuel Beckett,
"NOT I" - 1973). A partir disso, as ações vão se desenvolvendo
criando metáforas múltiplas e as vezes improváveis dessa relação Boca - Voz -
Movimento. O corpo da performer está quase sempre de costas para o público, as
emissões vocais são constantes e o esgotamento corporal reverbera na quase
impossibilidade de movimento e de fala, e desse processo, se presentifica a
debilidade e impotência do corpo.